Ultimamente venho sendo questionada por vários atletas, sobre a diferença entre treinar com base na frequência cardíaca e com base nos dados oferecido pelo potenciômetro, sendo assim tomei a atitude de escrever este texto na expectativa de sanar algumas duvidas e porque não a curiosidade de alguns de vocês.
Antes de iniciar um treinamento baseado na FC, os atletas usavam sempre a percepção de esforço, onde de certa forma o trabalho ficava um tanto quanto subjetivo, tendo em vista que a mesma é influenciada diretamente pelo entendimento de fraco, médio, moderado ou forte, ou em %. Em 1980 surgiu o medidor de frequência cardíaca e então busca pela precisão no treinamento tinha-se dado um passo, tendo em vista que, a FC nos passa dados de como nosso coração esta se comportando perante o estimulo no qual ele esta sendo submetido, porém é valido lembrar que a frequência cardíaca sofre influencia direta de fatores como calor, desidratação, noite mal dormida, stress físico ou psicológico e fadiga, e nem sempre estes fatores são de fácil compreensão por uma pessoa que não tenha conhecimento cientifico do treinamento desportivo e do corpo humano, onde quando ignorados pode comprometer de forma direta a performance do atleta.
A aproximadamente 10 anos surgiu então o potenciômetro, capaz de media a potencia (força x velocidade) que o atleta imprime na pedalada através do torque, então chega-se a pergunta, qual a vantagem de se treinar com o potenciômetro ou com a FC?
A vantagem do treinamento baseado na potencia é que a mesma não sofre influencia de alguns dos fatores citados anteriormente, e quando tais fatores forem relacionados a fadiga é possível que seu treinador através da leitura e analise dos dados que o mesmo oferece consiga observar os mesmos e então garantir segurança ao seu atleta para que não comprometa a qualidade do treinamento.
Quando comparado de forma direta os resultados dos treinos com potenciômetro e FC, é fato que as vantagens dos treinos com potenciômetro é maior do que com a frequência cardíaca, porém, sim existe um porém a ser relacionado, digamos que um potenciômetro hoje, infelizmente esta um tanto inacessível para a grande maioria dos praticantes do ciclismo nacional, variando na faixa de 5 a 12 mil reais, quando que um medidor de frequência cardíaca pode ser adquirido por 200 ou 300 reais. Outro fator a ser considerado é que, treinar com um medidor de potencia exige um conhecimento vasto sobre o equipamento e também sobre fisiologia, treinamento esportivo e questões relacionadas, quando que a FC também exige tais conhecimentos, porém digamos que é um pouco mais fácil de ser trabalhada. O fato real é que o medidor de potencia hoje nos apresenta dados mais precisos e reais do treino, adaptação, performance, fadiga e recuperação do atleta, enquanto que a FC fica mais suscetível a influencia de fatores que não deixa sua medição tão real e precisa quando comparada ao potenciômetro.
Quando questionada por meus atletas, sempre no final da conversa faço questão de enfatizar o fato de que o treinamento com a frequência cardíaca pode oferecer grandes possibilidades de evolução para o mesmo quando bem treinado e orientado, eu particularmente hoje uso um medidor de potencia em meus treinos a mais ou menos 1 ano, mas conquistei grandes resultados em competições com os treinos sendo baseado em cima da frequência cardíaca. A precisão que o potenciômetro oferece é maior do que a FC, mas não podemos descartar o fato de que grandes atletas profissionais fizeram proezas ainda na época que somente existia o monitor de frequência cardíaca, em algumas situações é valido o ditado de que “não adianta um carro bom se não se tem bom motor.”
Ainda é muito importante ressaltar que a percepção de esforço hoje não é descartada de uma sessão de treinamento, muito menos de situações de competições, pelo contrario é extremamente importante para o atleta ter total domínio sobre seu esforço e perceber seu grau, porém este é assunto para um próximo post.
Por Cris Silva